Universo Expandido
Uma breve história da Britânia...
O Império Romano foi uma das maiores civilizações da história. Seu poderio militar expansionista foi tão grande que conquistou grande parte da Europa e boa parte do Mediterrâneo, estendendo-se do Egito até à Ásia Menor. Todo o Império era comandado por Roma. Suas legiões ficaram famosas nas lendas e nas canções dos bardos. Mas a mesma grandiosidade que ficou marcada na história foi o motivo de sua queda: sem poder controlar toda a extensão territorial que conquistou, entrou em crise. As invasões bárbaras, os elevados impostos, a dificuldade na administração e a corrupção que o assolou, bem como a expansão do cristianismo – que não admitia outros deuses – desestabilizaram aos poucos a grandiosa civilização que durou por cinco séculos. Com Roma decrépita, o Império caiu sob o próprio peso.
Porém, muito antes da chegada dos romanos, a ilha que viria a ser chamada de Britânia (e mais tarde, se tornar a Grã-Bretanha, dividida entre a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales) era originalmente habitada pelo Povo da Floresta: dividido em tribos, tinham uma forte ligação com a Mãe-Natureza e uma magia manifestada de forma natural, principalmente através da Visão – povo este que mais tarde também viria ser chamado de Povo das Fadas.
Quando as terras de Lyonesse, Ys e Atlântida afundaram no oceano, os sobreviventes atlantes refugiados desembarcaram na Britânia, e ali encontraram uma ilhota nas regiões pantanosas do País do Verão. No alto de uma colina (chamada posteriormente de Tor), eles encontram um misterioso círculo de pedras, e decidiram começar ali o seu novo lar – na ilha sagrada que se tornaria Avalon. Mas isso é assunto para outra história...
Com a chegada dos primeiros povos celtas vindos da Gália, da Península Ibérica e da Irlanda, a Britânia se dividiu em várias tribos: bretões, gauleses, caledônios... Os celtas trouxeram com eles sua cultura e a sua religião, incluindo deidades como Cernunnos e Cerridwen - os nomes com o qual Deus e Deusa serão chamados, respectivamente. Os costumes celtas misturam-se aos conhecimentos dos atlantes que chegaram na ilha anos atrás, e também aos costumes primitivos do Povo das Fadas de adoração a uma figura de Deusa-Mãe. É o que dá origem ao culto de Avalon. Os celtas também trazem as figuras dos druidas, sábios que atuavam como conselheiros e sacerdotes.
A chegada desses outros povos trouxe também as espadas, escudos e armaduras: têm início na Britânia a Idade do Ferro. Isso faz com que o Povo das Fadas passe a se refugiar nas florestas e nos lugares ocos do mundo, utilizando sua magia para atravessar os véus entre os mundos...
Com a conquista romana da Britânia ao longo de quatro séculos, a expansão da Igreja ganhou força, quando Roma tornou o cristianismo sua religião oficial. Porém, com a queda de Roma e do Império Romano no Ocidente, a Britânia passou a enfrentar invasões bárbaras de saxões. Com um país dividido e agora sem o apoio de Roma, a Britânia está à beira do caos. Mas, em Avalon, uma esperança ressurge com uma Profecia: aquela que diz que um Grande Rei, saído da lenda, unificará o país. É nesse ponto que nossa história começa.
O Conto da Deusa e do Deus
Conta-se que tudo adveio do Caldeirão da Deusa. A própria Natureza é a Deusa, incriada e criadora, a que sempre existiu, e a Deusa tem três faces: a Donzela, a que ascende, a inocência, a lua crescente; a Mãe, plenitude, que simboliza a fertilidade, a lua cheia; e a Anciã, sabedoria, a cura e o cuidado, a lua minguante.
Mas a Natureza também tem as suas fases, suas estações, e o Deus Sol é quem marca as suas mudanças. É no solstício de inverno, em Yule, que o Deus nasce do ventre da Deusa, trazendo consigo a promessa do fim do inverno e do início da Primavera. A Deusa entra em repouso para recuperar-se do seu parto.
Em Imbolc, os primeiros sinais da primavera surgem, e a Deusa começa a deixar o seu aspecto anciã para se transformar novamente em uma bela donzela – ao mesmo tempo em que é uma mãe acolhedora para o Deus menino.
Em Ostara, equinócio de Primavera, o Deus está atingindo sua maturidade ao se tornar um belo caçador e guerreiro. A Deusa se apresenta como uma Donzela, preparando a terra para a fertilidade.
É em Beltane que Deus e Deusa, no ápice de sua maturidade e fertilidade, se unem em um Grande Casamento sagrado, e é sua união que fertilizará a terra e garantirá as colheitas. A Deusa torna-se uma Donzela Caçadora ao mesmo tempo que o Deus é o Galhudo, coroado como o Consorte da Deusa.
Litha, o solstício de verão, marca o auge do poder do Deus Sol e a maternidade da Deusa, que foi fertilizada em Beltane e agora carrega em seu ventre a semente do próprio Deus. A partir de agora, o Deus começará a declinar lentamente, começando sua caminhada à Terra do Verão.
Em Lammas, as primeiras colheitas já podem ser vistas, e a Deusa vai envelhecendo, ao mesmo tempo em que o Deus sente seus poderes indo embora e reconhece que sua morte está próxima.
Em Mabon, equinócio de outono, as últimas colheitas são realizadas conforme a Deusa está se transformando aos poucos em Anciã; e percebe agora que seu consorte, o Deus, está velho e fraco, e sente que o seu fim se aproxima – ao mesmo tempo em que o sente vivo, dentro de seu ventre.
Em Samhain, Dia-de-Todos-os-Santos e fim do ano novo pagão, o Deus finalmente morre e parte para a Terra do Verão e da Eterna Juventude, para onde vai para descansar e para onde todos devem retornar quando é chegada a hora. A Deusa, já Anciã, lamenta a morte do seu consorte ao mesmo tempo em que sabe que carrega com ela a semente da vida e a esperança de uma nova promessa: o Deus renascerá em Yule, reiniciando o ciclo e trazendo a nova vida do mundo.